Não Me Vi Partir
De repente me dei conta de um ausente. Era eu, mas eu não me vi ali. Era um vazio. Um vácuo. Um frio. Inclemente. Cheguei, mas não me vi partir. Onde me deixei? Só vi, incrédula, a passagem do tempo, esse tormento, que seguiu sem me avisar que minha hora ia chegar. Mas que lamento. Que hora é essa se não uma saudade ímpar, um lamento do que sou, mas não fui. Na penumbra do tempo me descobri. Um eco solitário, presa em mim mesma. Cheguei à vida, mas não me vi partir. Onde me deixei? Em que esquina me esqueci? A passagem como um rio sem margens seguiu seu curso, sem aviso, sem piedade. Espalhando-se. Sozinha me deixou. E eu, incrédula, assisti à dança das horas enquanto o relógio marcava meu destino. Ah, que lamento! Não era apenas saudade, era um vazio profundo, uma dor sem idade. Ressentimento. As memórias se entrelaçavam como fios de teia dos momentos e eu, perdida na trama do esquecimento. Quem fui eu? Quem sou agora? Um espectro d...