Saido das Entranhas
Saiu das minhas entranhas,
estranha criatura,
nua.
Rebento de dor e desventura.
Eu, arrebentada,
separada,
entre o que era e o que se
fez,
um tumulto profundo,
uma dor que não sabia ser
amor.
Transformava-me,
mas em quê?
O amor nasce ou se transforma?
A dúvida se enraiza,
no âmago de um eu vergonhoso.
Amava-o aqui dentro,
no fundo do mais sombrio eu.
Abaixo de minha vergonha mais escondida,
onde aguento ser apenas breu.
Então era aquilo parte minha.
Uma mistura conturbada,
parte ele, parte ferida,
Nunca parte amada.
Nunca parte querida.
Era dois, no entanto, eu era só.
Pedaço de alguém em mim,
eu, pedaço em ninguém.
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